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domingo, 15 de agosto de 2010

O Tempo e as Jabuticabas

Contei meus anos e
Descobri que terei menos tempo para viver
Daqui para frente do que já vivi até agora...

Tenho muito mais passado do que futuro...
Sinto-me como aquele menino
Que recebeu uma bacia de jabuticabas...

As primeiras, ele chupou displicente...
Mas percebendo que faltavam poucas,
Rói o caroço...

Já não tenho tempo
Para lidar com mediocridades

Não quero estar em reuniões
Onde desfilam egos inflados...

Inquieto-me com invejosos
Tentando destruir quem eles admiram,
Cobiçando seus lugares, talentos e sorte...

Já não tenho tempo
Para conversas intermináveis...

Para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
Que nem fazem parte da minha...

Já não tenho tempo para administrar
Melindres de pessoas que,
Apesar de idade cronológica,
São imaturas...

Detesto fazer acareação de desafetos
Que brigaram pelo majestoso
Cargo de secretário geral do coral...

"As pessoas não debatem conteúdos...
Apenas os rótulos..."

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero a essência...
Minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana, muito humana...
Que sabe rir de seus tropeços...
Não se encanta com triunfos...
Não se considera eleita antes da hora...
Não foge de sua mortalidade...

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...
O essencial faz a vida valer a pena...
E para mim
Basta o essencial!

O Tempo e as Jabuticabas - Rubem Alves

Um comentário:

  1. "Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais" XD

    Texto legal =)

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